Epistemologia da Psicanálise

A Psicanálise e importância do Pai para os fundamentos da
Psicanálise.
Segundo Freud, na figura do pai,
realiza-se a fixação da libido, se ganha um princípio tanto para a psicanálise,
quanto para a formação social através desse objeto — o pai. A ligação cultural
realizada pela figura paterna substitui a angústia de castração e se apresenta
como garantia contra ela. O homem, no entanto, pagará por esse crime original,
pagará sua dívida ancestral com a neurose, através da permanência desses
estados instintivos originais atualizados no presente.
Os mitos freudianos sobre
o Pai (Édipo, o pai da horda primitiva) enquadram a fantasia inconsciente
unindo o desejo à lei. Concebem o gozo como impossível ao sujeito e o desejo
como vontade de alcançar a exceção situada além do princípio do prazer. Eles
reproduzem a posição subjetiva moderna o mito de Édipo, por exemplo, mostra o
sujeito dividido entre o saber e a verdade (Lacan, 1998 p.870). Revelam o que o
discurso da ciência recalca: o desejo de ser exceção. Portanto, o sujeito não
corresponde ao homem universal idealizado pela ciência.
Ao passarmos da teoria freudiana da cultura
a uma teoria lacaniana da linguagem e do objeto, vemos que o simbólico
determina-se aquém e além das determinações imaginárias e das relações da
natureza presentes no mito freudiano. No sentido da “evolução do pai”, podemos dizer que a ordem simbólica está na
estrutura do pensamento inconsciente, quando Lacan afirma que “o inconsciente é
estruturado como linguagem”. Lá, onde Freud colocava a função do pai, Lacan faz
do Nome-do-Pai um operador simbólico,
como precursor o pai morto do mito freudiano. Tendo como objetivo é articular a
função do pai, de forma lingüística, com a palavra da mãe, aquela que é
responsável pela procriação, dando um nome qualquer ao significante fálico.
Na psicanálise, as relações familiares
são chamadas de matemas que marcam lugares recobrindo e atualizando as funções
a eles atribuídas: nome do pai, desejo da mãe, falo, sujeito, cultura,
articulados pela linguagem. Para Lacan, em Função
e Campo da Fala e da Linguagem em Psicanálise (1913), a descoberta de Freud
“é a do campo das incidências na natureza do homem de suas relações com a ordem
simbólica”.
No entanto, Pai é apenas um nome, uma
função e um sinal que usamos para situar o sujeito nos espaços que a cultura
lhe atribuiu. O nome é uma marca aberta à leitura, impressa sobre qualquer
coisa, podendo ser até um sujeito.
Lacan vale-se do conhecimento da lógica, da
linguagem e da lingüística para, mais uma vez, como Freud, situar a psicanálise
no campo da cultura, da ciência de seu tempo, isto é, das ciências humanas.
Referências Bibliográficas:
MURTA,
Cláudia. Epistemologia da Psicanálise/Maria Cristina Távora Sparano – Dados eletrônicos – Vitória:
Universidade Federal do Espírito Santo, Secretaria de Ensino a Distância, 2017.
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