AMOR EM FILOSOFIA E PSICANÁLISE                      
                            
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“Conceito de afetos na perspectiva filosófica de São Tomás de Aquino e sobre o conceito de afeto segundo a psicanálise.”
         
       Segundo, São Tomás de Aquino, as paixões são aquelas da alma, são sofridas e vividas pelo homem. Define paixão tudo que o sujeito recebe do exterior, e que sobrevém e o modifica: sentir, compreender. Portanto, no plano da afetividade, tudo que o sujeito recebe do exterior e faz com que ele sofra uma mudança em função da atração que o objeto exerce sobre ele, quer o aceite ou o recuse. Todavia, ele considera por paixão tudo o que chamamos de afetividade, carência e desejo e, que distingue da percepção sensível e da inteligência.
          Porém, deixamos de lado as causas do desejo natural ou impropriamente dito e que equivale à apetência natural (como é o “desejo” ou a tendência natural das árvores para a luz solar). Falando somente das causas do desejo propriamente dito ou conseqüente a algum conhecimento. As causas do desejo propriamente dito são as mesmas que as indicadas antes como causas do amor concupiscente. Em poucas palavras podemos dizer que as causas principais do desejo são as seguintes: causa formal é o bem simples enquanto ausente; causa final é o deleite ou a posse do bem; causa eficiente próxima é o apetite concupiscível que produz o ato desejante; causa eficiente remota é o amor (e especialmente o amor de concupiscência). Os desejos de ordem sensitiva têm a sua origem na indigência ou na falta de coisas materiais, que sentimos como necessários ou convenientes (a saúde, os alimentos, etc.).        Os desejos de ordem intelectiva podem ter esta mesma origem, mas também podem provir de nossas idéias ou representações de coisas realmente desnecessárias ou inclusive inconvenientes para nossa vida. Visto que o homem se mescla bastante em muitas classes de desejos e de causas como atesta a experiência. Quando desejamos muito uma coisa (a saúde, riquezas, honras, etc.) nós a representamos como um grande bem, cuja posse nos fará felizes.
          Os efeitos do desejo são múltiplos e variam muito segundo as diversas classes e os diversos sujeitos dos mesmos. Alguns efeitos são comuns ao desejo e ao amor (como o “êxtase” ou a união afetiva); outros são próprios do desejo não satisfeito (como a inquietude e os suspiros, as lutas e a busca do bem desejado); outros, por fim, são típicos dos desejos satisfeitos (como o deleite, a paz e o repouso) no bem obtido.
          Há aqueles que colocam seu fim último ou sua felicidade nas riquezas que as amam sem limites. Aqueles que só as apetecem como meios para satisfazer as necessidades da vida, só às desejam moderadamente ou segundo essas necessidades. O desejo do fim último é ilimitado, porque é apetecido por si mesmo. O desejo dos meios ordenados a esse fim está limitado pelas exigências do mesmo. Tomás de Aquino observa com agudez que podemos estas contentes, embora só obtenhamos uma parte dos bens desejados, sentindo deleite na posse das coisas apetecidas. O desejo veemente de uma coisa faz com que esta apareça como grande e muito importante para o sujeito, e que este se esforce muito por consegui-la. Assim agem os que têm muita fome ou muita sede (para eles é coisa muito importante o alimento ou a bebida) e, por isso, o desejo intenso é comparado à fome e à sede. Aumenta muito o desejo com a “imaginação” ou representação das coisas desejadas.
          O objeto próprio do amor (que é a primeira de todas as paixões) é o bem simplesmente considerado, tanto presente como ausente, ao passo que o desejo só tem como objeto próprio o bem simples enquanto ausente. Portanto, o movimento afetivo segue um processo circular: passa-se do amor ao fim (que é o princípio de apetência) ao desejo dos meios ordenados ao mesmo, e se tende ao descanso na posse gozosa e no amor consumado do fim apetecido. O desejo inclui, visto que, num movimento afetivo especial em direção ao objeto amado ainda não possuído. Neste sentido podemos dizer que a atividade afetiva se inicia no desejo e, por seguinte, termina no amor consumado. E no mesmo sentido costuma-se dizer que o desejo é como um amor imperfeito que tem para o gozo e para o amor perfeito.  Entretanto, devemos recordar que o amor do fim é sempre o primeiro; mas o desejo do fim pode ser causa do amor aos meios (como o desejo de curar-se suscita o amor às medicinas).
          Eis que a moralidade do desejo depende dos objetos (bons ou maus moralmente) que desejamos, assim como do modo de nossos desejos (moderados ou imoderados), da condição do sujeito desejante e de outras várias circunstâncias. É natural e bom o desejo da felicidade. Mas pecamos quando buscamos a felicidade perfeita nas criaturas e não em Deus.
         Com efeito, o teólogo/filósofo nos ensina que, às vezes, as pessoas podem, sim, odiar a verdade. Sendo o ódio uma paixão da alma, isto é, um sentimento que move o homem à ação, o ódio à verdade pode ser, portanto, uma motivação para agi-lo. Deste modo, nem tudo que ouvimos ou lemos reflete o compromisso daqueles que falam ou escrevem com a verdade. Pode refletir, na pior das hipóteses, o esforço de ocultar ou negar a verdade odiada. A “exigência” de odiar a verdade surge como nos ensina Tomás de Aquino, do amor que as pessoas podem ter por aquilo que a verdade as impede de conseguir, como poder, honras e riquezas.
          Ódio e amor são sentimentos que movem os homens para a ação e não que se desenvolvam naturalmente. Isto, porque estão relacionados ao desenvolvimento do intelecto e da vontade por meio do processo educativo.
          Vale ressaltar que é uma das lições que Tomás de Aquino nos ensina, onde o amor e o ódio são características humanas que perpassam todos os tempos históricos. Concluindo-se que tais sentimentos é entender um pouco melhor o homem naquilo que ele tem de essencial.
          Segundo, São Tomas de Aquino existem duas formas de união entre o amante e a pessoa amada. Uma é a união real que consiste na união com a coisa mesma. Seguindo-se a alegria e o prazer. E, já a outra mais bonita é a união afetiva, por aptidão ou proporção, sendo essa uma aptidão que o ser tem em relação ao outro, incluindo também, uma inclinação que resulta na participação do amante no amado de alguma forma. No entanto, concluímos que o amor é um sentimento de complacência no bem que é o desejo da concupiscência.
          Para Tomás de Aquino o fim último do homem é a bem-aventurança.
          A bem-aventurança é para o pensador, um estado de perfeição do ser. Sendo que, a bem-aventurança absoluta só seria alcançada com a contemplação de Deus na vida na terra, por meio da atividade intelectual e pela ação consciente que conduz à virtude (LACOSTE, 2004). No entanto, as ações humanas devem visar sempre à bem-aventurança pela qual o homem se sentiria feliz e realizado.
          O caminho para a consecução da felicidade passa pelos atos particulares praticados constantemente. Entretanto, as ações podem ser humanas ou comuns entre os diversos animais. As primeiras somente os homens podem realizar, porém, as segundas tanto eles como os animais podem desenvolver e, em seguida, as paixões estão situadas na segunda categoria.
        “Afeição é usada filosoficamente em sua maior extensão e generalidade, porquanto designa todo estado, condição ou qualidade que consiste em sofrer uma ação sendo influenciado ou modificado por ela - Abbagnano (1971)”.

 REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS:
http://www.minutopsicologia.com.br/postagens/2016/04/18/concepcao-filosofica-do-afeto/
 Revista Educação em Questão, Natal, v. 43, n. 29, p. 34-57, maio/ago. 2012

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